Uso de energia solar e eólica pode diminuir consideravelmente a poluição até 2050, apesar de desafios
Um novo estudo publicado no periódico científico Nature Communications sugere que a adoção de fontes renováveis de geração de energia podem reduzir em até 80% as emissões de carbono em 2050. Para essa conclusão, o estudo analisou os benefícios da descarbonização do setor de energia, um dos setores que mais emitem poluentes na atmosfera atualmente.
“Ao mudarmos para fontes renováveis de produção de eletricidade, poderemos eliminar os efeitos negativos para a saúde humana em até 80%”, a saúde humana sai ganhando com a redução de emissão de poluentes”, afirmou em nota, Gunnar Luderer, autor do estudo do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático.
“Com as renováveis, ocorre a redução de poluição do ar com queima de combustíveis. Além disso, as cadeias de fornecimento para energias solares e eólicas são muito mais limpas do que a extração de combustíveis fósseis ou do que a produção de bioenergia”, escreveu Luderer.
O estudo ainda indica que ainda há muitos desafios para o desenvolvimento das renováveis pelo mundo. A produção de energia limpa precisaria de mais terrenos do que o exigido por combustíveis fósseis atualmente – e esse espaço é limitado e se torna cada vez mais escasso. Além disso, toda essa energia gerada de forma mais limpa precisa, também, ser bem armazenada em superbaterias, algo que o empresário Elon Musk tenta fazer na Austrália.
Fora isso, além de metais comuns, seriam necessários alguns específicos, como o neodímio e o telúrio, usados, respectivamente, em turbinas eólicas e em células de energia solar. O estudo também aponta que as renováveis podem desestimular guerras pelo petróleo no mundo.
Até 2050, as fontes de energias renováveis como a solar, a eólica, a geotérmica e a marítima poderão abastecer em 80% a demanda mundial, segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU). O setor de energia limpa tem alto potencial de expansão com a gradual substituição dos mecanismos de emissão de energias poluentes, como carvão, petróleo e gás.
O Brasil, com alto potencial para o desenvolvimento dessas fontes renováveis, já está no caminho da transição. Nos últimos três anos, os sistemas de geração de energia solar se multiplicaram de 8,7 mil para 111 mil, impulsionados pelas facilidades na aquisição de painéis solares, em 2012, por consumidores que tiveram mais liberdade para alterar sua fonte de eletricidade. Além disso, nesse mesmo período, o valor dos painéis solares caiu aproximadamente 40%, ao mesmo tempo em que as tarifas de eletricidade não renovável aumentaram em cerca de 90%.
Relatório recente da agência de risco Moody’s Investors Service aponta que, na América Latina, o Brasil apresenta as condições mais favoráveis em termos de presença de fontes de energia limpa na matriz. A produção de energia renovável no país alcança uma fatia de 82% do total, contra 60% no Peru, 17% no México, 15% no Chile e apenas 2% na Argentina. Inclusive, o país já chegou a 86% da meta de energia limpa, contra 60% da meta cumprida por parte do Peru e 35% pelo México. Chile e Argentina possuem apenas 20% das suas respectivas metas de inserção de energias limpas nas matrizes alcançadas, diz o relatório.